Lifelong learning
2 de agosto de 2021

A primeira televisão foi criada por Philo Farnsworth no ano de 1922 e as primeiras imagens transmitidas de Londres para Nova York foram feitas em 1928. Já a primeira transmissão em cores ocorreu em 1954, 32 anos depois da invenção da tecnologia.

Para efeito de comparação, a Apple lançou seu primeiro smartphone em 2007 e a Google lançou o sistema operacional Android em 2008. Apenas 14 anos após o lançamento dessa tecnologia, a própria televisão (ou produtos que a usavam) sofreu grandes mudanças.

Essa aceleração no ritmo de grandes mudanças tecnológicas, e seus impactos nas estruturas sociais, pode ser evidenciada abaixo:

  • Caça e coleta – vários milhões de anos
  • Era Agrícola – vários milhares de anos
  • Era Industrial (1ª e 2ª Rev. Ind) – alguns séculos
  • Era da Informação (3ª Rev. Ind) – décadas
  • Era Cognitiva (4ª Rev. Ind) – mudanças constantes

Percebam que o movimento da linha do gráfico acima, em crescimento exponencial, nos aponta para um futuro com mudanças ainda mais intensas e isso nós percebemos diariamente, com a tecnologia substituindo estruturas sociais de mercado tradicionais, por novas formas de negócio, com características escaláveis, menor custo e maior satisfação dos clientes.

Para acompanhar essa velocidade de rupturas, outrora tradicionais e que estão sucumbindo no processo de reinvenção de seus negócios, só há uma certeza: manter-se em constante processo de aprendizagem, ou como se tem propagado atualmente: lifelong learning.

Ficou habitual profissionais de diversos segmentos pararem para se fazer a mesma pergunta: será que meu negócio vai existir no futuro? E é bom que estejam mesmo colocando essa dúvida sobre a mesa, pois sempre terá alguém repensando seu negócio com o cliente no foco, menor custo e maior satisfação.

Mas, como isso só passou a ocorrer agora? Porque a geração dos meus pais não questionou o status quo e disruptaram o mercado?

A criatividade humana para reescrever os negócios sempre esteve em alta, em todas as gerações. O que mudou foi o custo para se iniciar a mudança, para colocar a ideia em prática. Hoje, três estudantes sem renda podem desenvolver um algoritmo em plataforma web com custo zero e lançá-los ao mercado com custo relativamente reduzido, usando redes sociais para divulgação e chegando ao público final com certa facilidade. Foi a revolução digital, ocorrida após os lançamentos dos smartphones, junto com os servidores em nuvens e o advento da conexão global de pessoas, que tornou altamente fértil o campo da reinvenção. Para efeito de comparação, analisem abaixo a capacidade de processamento dos transistores (chips) desde a década de 1960 até 2010:

Para além de uma educação contínua ao longo da vida, nós, como sociedade, devemos discutir o modelo atual de aprendizagem. Porque ainda não estamos apresentando às crianças no ensino fundamental a linguagem de programação, assim como devemos apresentar uma língua estrangeira? Os algoritmos já fazem parte de nossas vidas e, mesmo que não tenhamos vocação para escrevê-lo, precisamos ter uma base de conhecimento para entendê-los. 

Conclui-se, dessa forma, que devemos ter a ciência exata do momento que vivemos, o ambiente de promoção das inovações e as oportunidades que este tempo nos oferece. Essas oportunidades serão mais bem aproveitadas por todos aqueles que estão entendendo as dinâmicas de transformação, onde a busca do conhecimento deve ser uma constante, de forma a acompanhar o ritmo de mudanças da nossa sociedade, repensando, inclusive, nosso atual sistema de educação e o papel das organizações nesse novo modelo de ensino permanente.

Tiago Taciano é Diretor Adjunto de Tecnologia e Qualidade do Ferreira e Chagas. Formado em Economia pela UFJF e Pós-Graduado em Tecnologia pela PUC-SP.

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